9 Características da arquitetura sacra moderna
Uma caminhada mais atenta pelas ruas das cidades pode constatar facilmente a evolução da arquitetura. Essa evolução é perceptível também na arquitetura das Igrejas. Estamos falando da arquitetura sacra moderna.
Antigamente, as obras arquitetônicas tinham como destaque igrejas com um estilo mais rebuscado e cheias de ornamentos, do chão ao teto. Atualmente encontramos igrejas com estruturas mais leves, com formatos diferenciados, num estilo mais simples.
As transformações nos espaços sagrados são muitas, porém a arquitetura sacra moderna não usurpou dos espaços sagrados sua função: ser “morada física que é construída para os ‘templos vivos de Deus’”, como sugere Dom Marcelo Molinero, autor da obra O espaço celebrativo como ícone da eclesiologia.
Contudo, em meio às evoluções arquitetônicas que avançam ao longo da história, é preciso cuidar para não construir espaços minimalistas e ideológicos. A Arquitetura sacra moderna deve resguardar a identidade cristã e o espaço litúrgico como morada de Deus.
Afinal, a Igreja “entendida como o Povo de Deus, é redescoberta como um mistério de fé e como comunhão histórica dos fiéis”. Além disso, um templo cristão “é a forma histórica e social da vontade de Deus de trazer a criação para o seu fim em Deus”, ressalta o bispo.
Veja 9 características que mesclam o conceito religioso de sacralidade dos espaços com a arquitetura moderna.
1. União entre tradição e modernidade
A arquitetura sacra moderna na construção dos templos religiosos deve “oferecer uma forma sensível ao conjunto de ritos, sinais e símbolos sacramentais, de modo que neles aconteça uma real experiência do mistério: a do encontro com Deus e a da comunhão entre os irmãos” (O espaço celebrativo como ícone da eclesiologia).
É preciso estar atento para não se perder seu conteúdo essencial. “O esforço que a reforma litúrgica pede aos arquitetos, liturgistas e pastores é o de construir igrejas que sejam verdadeiros sinais do sacramento e não mais monumentos genéricos” (O espaço celebrativo como ícone da eclesiologia).
A Basílica de Aparecida é uma representação da união entre tradição e modernidade.
2. Atenção maior à acomodação dos fiéis
A participação dos fiéis possui valor e estima, afinal a igreja é formada por eles. Por isso, dentro da arquitetura sacra moderna se faz necessário promover uma melhor acomodação dos fiéis, com bancos confortáveis e dispostos de maneira que todos possam contemplar o altar.
Os lugares devem promover a participação plena e ativa dos fiéis. “Deve-se dispor com todo o cuidado o lugar dos fiéis, para que possam participar ativamente das ações sagradas com o olhar e o espírito” (O espaço celebrativo como ícone da eclesiologia).
Nesse sentido, deve-se prestar também maior atenção à acústica do ambiente, para que todos consigam compreender a Palavra de Deus com o mínimo de interferência possível.
3. Uma assembleia hierarquicamente organizada
“A Igreja é essencialmente uma comunhão de fé, esperança e caridade unificada pelo Espírito de Deus” (O espaço celebrativo como ícone da eclesiologia).
Por isso, a arquitetura sacra moderna deve ter como fator fundamental a apresentação de uma assembleia hierarquicamente organizada. Sendo assim, deve optar-se por uma planta que evidencie o altar, devido à sua função e significado.
4. Materiais produzidos em larga escala: aço, vidro e concreto
As origens da arquitetura moderna remetem à Revolução Industrial (1740 a 1840). Ela surgiu no século 20 como um contraponto às construções feitas até então.
A partir da revolução, materiais produzidos em larga escala foram incorporados à arquitetura, como o aço, o vidro e o concreto. Isso possibilitou a construção de templos religiosos com estruturas mais leves, formas diferenciadas e que davam espaço à simplicidade.
5. Simplicidade e integração de ambientes
Um dos elementos mais marcantes da arquitetura sacra moderna é a simplicidade.
Os ornamentos decorativos que costumavam ocupar as paredes e tetos das igrejas dos séculos passados deixaram de ser utilizados. Hoje encontramos igrejas com uma estética mais limpa.
Outra característica que se destaca é a integração de ambientes, permitindo uma convivência maior entre as pessoas. Colunas substituem paredes, interligando os diferentes espaços.
6. Valorização da iluminação natural
Ambientes bem iluminados, sobretudo a partir da luz natural, é outra marca da arquitetura sacra moderna.
Um espaço bem iluminado valoriza o ambiente. Se antigamente tínhamos igrejas escuras com pequenas janelas, hoje encontramos templos com janelas do teto ao chão ou até mesmo paredes inteiras de vidro.
7. Uso do concreto armado dando formas diferenciadas na estrutura
Outra importante característica da arquitetura sacra moderna é o uso do concreto armado.
O concreto armado é uma estrutura que utiliza armações feitas de barras de aço. Dessa maneira, ela pode ser moldada de diferentes maneiras e formatos, o que amplia as opções do projeto arquitetônico.
Uma igreja que exemplifica muito bem é a Catedral de Brasília.
8. Ambientes funcionais e práticos
A funcionalidade é também uma marca importante da arquitetura moderna, com traços e estruturas mais práticas e funcionais.
Tudo o que não agrega função é descartado. Uma frase do arquiteto modernista alemão Mies van der Rohe explica esse conceito: “menos é mais”.
9. Integração e a convivência entre as pessoas
Propor a integração e a convivência entre as pessoas é outro aspecto que ganha ênfase nas plantas de construções arquitetônicas modernas. Por isso as plantas são mais livres, com espaços mais abertos, preferindo colunas às paredes.
Essa característica também contribui para melhor iluminação e ventilação dos espaços.